5. Plano de Ação Focado na Saúde do Trabalhador.

Na sociedade atual, a preocupação com a saúde mental dos trabalhadores tem ganhado destaque nas agendas corporativas, reconhecendo que a saúde e o bem-estar dos empregados é fundamental não apenas para sua qualidade de vida, auto-realização e felicidade, mas também para elevação sustentável dos modos de produção empresarial. Diversas iniciativas estratégicas podem ser implementadas para atender essas necessidades, contendo ações que visam melhorar o ambiente de trabalho e promover práticas que protejam a saúde dos trabalhadores.

A iniciativa estratégica de Desenvolvimento de Programas de Bem-Estar Integral tem por objetivo criar um ambiente de trabalho saudável e propício ao desenvolvimento pessoal e profissional dos colaboradores. Para alcançar esse desafio, as empresas devem: (a) implementar programas de saúde mental que incluem assistência psiquiátrica e psicológica, tanto individual quanto em grupos de afinidade, acessíveis tanto presencialmente como por plataformas digitais; (b) estabelecer espaços reservados e seguros para consultas online de assistência vinculadas ao programa de saúde ocupacional, dentro do ambiente e horário de trabalho, por opção do trabalhador; (c) criar programas de bem-estar que envolvam atividades de relaxamento e meditação, além de técnicas para controle e erradicação do estresse e ansiedade.

A iniciativa de implementar Campanhas de Conscientização e Capacitação em Saúde do Trabalhador com temas sazonais e de ações continuadas tem como objetivo capacitar as pessoas para reconhecer e manejar eventos decorrentes de adoecimento do trabalhador no ambiente corporativo. As ações incluem: (a) ofertar treinamentos para os trabalhadores sobre como identificar sinais de sofrimento emocional, em si-mesmo ou em sua equipe de trabalho, além de ensinar como fornecer o suporte necessário; (b) implementar campanhas educativas continuadas que abordem a importância dos cuidados com a saúde mental, desmistificando tabus; (c) criar grupos de discussão política que permitam aos trabalhadores compartilhar experiências e buscar soluções conjuntas em benefício da comunidade.

A Flexibilidade e Equilíbrio Trabalho-Vida são essenciais para que os empregados possam gerenciar suas responsabilidades pessoais e profissionais sem prejuízo à saúde mental. Para isso, é fundamental: (a) adotar políticas de trabalho remoto (home office) que se adaptem às necessidades do trabalho e do trabalhador; (b) uma avaliação contínua das práticas de trabalho para assegurar que são equilibradas e justas.

A Transparência e Responsabilidade são fundamentais para criar um ambiente de confiança onde os trabalhadores se sintam seguros e valorizados. As empresas devem: (a) promover estilos de liderança que promova a inclusão social e o sentido subjetivo de pertencimento, respeitadas as forças, potencialidades e habilidades individuais; (b) investir no desenvolvimento contínuo dos trabalhadores para crescimento na carreira em processos de seleção transparentes, alinhando objetivos individuais com os da empresa; (c) adaptar sistemas de avaliação de desempenho para focar também no impacto no ambiente de trabalho, na comunidade e no bem-estar pessoal e coletivo e não apenas nos resultados financeiros; (d) integrar a saúde integral (mental e fisiológica) dos trabalhadores nas estratégias de responsabilidade social corporativa, com vistas a incorporar ações e resultados no balanço social e busca de certificações e selos de empresa cidadã.

Por fim, a iniciativa estratégica de Avaliação de Eficácia do Programa de Saúde do Trabalhador é crucial para entender as necessidades específicas dos trabalhadores e moldar políticas eficazes de saúde e bem-estar no ambiente laboral. As ações envolvidas nesta iniciativa são extensivas e meticulosamente planejadas para captar um panorama abrangente da saúde dos trabalhadores, fundamentando-se em diversas práticas interventivas. Isso pode ser alcançado por meio de: a) realizar pesquisas epidemiológicas e estudos periódicos para diagnóstico da saúde dos trabalhadores; (b) revisar os programas médicos (PCMSO - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional) para incluir exames que identifiquem sintomatologias relacionadas a doenças ocupacionais; (c) analisar os feedbacks para ajustar políticas organizacionais e alinhar com as experiências e necessidades dos trabalhadores.

A primeira ação envolve realizar pesquisas epidemiológicas e estudos periódicos. Esta ação envolve coletar e analisar dados através de métodos quantitativos e qualitativos, utilizando dinâmicas conversacionais tanto individuais quanto em grupo. O objetivo é diagnosticar a situação de saúde dos trabalhadores, identificando riscos populacionais que podem variar de acordo com a área de atuação, o ambiente psicossocial de trabalho, ou condições socioculturais. Essas avaliações são cruciais para fundamentar negociações de acordos coletivos que visam soluções eficazes para melhorar a qualidade de vida no trabalho, destacando-se como uma responsabilidade compartilhada entre empresas, sindicatos e suas respectivas federações e confederações, com alcance que pode variar do local ao nacional.

A segunda ação trata da revisão de programas médicos (PCMSO) - integrando a aplicação de um EPS – Exame Periódico de Saúde que permita apontar riscos psicossociais e sinais de adoecimento mental. Esta revisão permite identificar e mensurar os indicadores de saúde-doença mental ocupacional, monitorando os "pki – indicadores" de incidência e prevalência de doenças conforme listado no CID - Código Internacional de Doenças. Recentemente, dentro da Lista de Doenças Relacionadas ao Trabalho (LDRT), que foi expandida significativamente, em nov/2023, refletindo um aumento na variedade e reconhecimento de doenças ocupacionais, o que reforça a necessidade de vigilância e adaptação contínua das políticas de saúde no trabalho.

A terceira ação é a realização de feedback individual e coletivo. Esses feedbacks são essenciais para alinhar as informações coletadas nas pesquisas de avaliação sobre saúde mental com as experiências reais dos trabalhadores. Essa prática permite correlacionar dados objetivos das pesquisas com relatos subjetivos dos trabalhadores, avaliando o impacto das políticas organizacionais na saúde mental dos funcionários. É uma ação estratégica que ajuda a empresa a entender como suas políticas estão sendo percebidas e quais os seus efeitos práticos.

Por fim, a quarta ação é a análise dos dados para diagnóstico e proteção à saúde. Após a coleta dos feedbacks é crucial analisar esses dados para identificar tendências e problemas emergentes, propondo ajustes nas políticas organizacionais, conforme necessário. Esta análise resulta na criação ou revisão de um plano estratégico, tático e operacional, com ações direcionadas a melhor atender às necessidades dos trabalhadores, considerando tanto as restrições e exigências do trabalho quanto à saúde e bem-estar pessoal dos mesmos.

Implementando estas ações dentro da iniciativa de Avaliação de Eficácia do Programa de Saúde do Trabalhador, as empresas podem não só zelar pela conformidade regulatória e normativa, como também atender às diretrizes de saúde ocupacional definidas, promovendo um ambiente de trabalho que verdadeiramente proteja e valorize a saúde dos trabalhadores.

A eficácia do Programa de Saúde do Trabalhador segue as diretrizes da Lei 14.831, de 27/mar/2024, que criou o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental, e representa uma oportunidade significativa para organizações comprometidas com o bem-estar de seus trabalhadores. Essa legislação não só reconhece a importância da saúde mental no ambiente de trabalho, mas também oferece um incentivo para que as empresas desenvolvam e aprimorem programas nessa área. (Brasil, 2024)

Concluindo, ao implementar estas estratégias, as empresas estariam agindo com respeito e promoção à saúde e ao bem-estar dos trabalhadores, como também se posicionando, positivamente, enquanto entidades progressistas e socialmente responsáveis. Este compromisso com a saúde mental no local de trabalho demonstra uma valoração genuína do capital humano, refletindo efetivamente para uma produtividade sustentável e uma imagem corporativa saudável.

Referências Bibliográfica

Brasil. (2024). Lei nº 14.831, de 27 de março de 2024. Institui o Certificado Empresa Promotora da Saúde Mental e estabelece os requisitos para a concessão da certificação. Diário Oficial da União. [Texto original publicado em 28 de março de 2024]. https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2023-2026/2024/lei/l14831.htm